É comum ouvir no consultório:
“Doutor, só esse ano eu tomei antibiótico 5 vezes por causa da SINUSITE.”
E a primeira pergunta que me faço é: será que toda sinusite precisa de antibiótico?
Vamos começar do início…
O que é sinusite?
Rinossinusite (sinusite) é um processo inflamatório do nariz e dos seios paranasais que causa obstrução e saída de secreção no nariz (seja pela frente, seja por trás), às vezes com pressão na face e/ou tosse.
O que pode causar a sinusite?
Os 3 principais causadores deste processo são VÍRUS (quando chamamos de “RESFRIADO COMUM”), ALERGIA (quando temos as crises de “RINITE”) e BACTÉRIAS (o que popularmente se chama de “SINUSITE”). Além destes, quando temos um resfriado forte, com muito “catarro”, o nariz e seios paranasais “apanham” muito, o que acaba por prolongar por mais uns dias a saída de secreção e a obstrução nasal; a esta situação damos o nome de RINOSSINUSITE PÓS-VIRAL.
Já fica aqui a primeira informação útil: Qualquer um dos 3 acima irá apresentar alterações em uma radiografia de seios da face. Portanto, este exame de nada serve para dizer se é ou não sinusite bacteriana! O diagnóstico deve ser clínico! (Dado por um bom médico!).
O resfriado comum muitas vezes é intenso, com muito “catarro“, congestão e dor / pressão na face. A diferença é que com 5 a 7 dias ele vai melhorando (sem antibióticos!).
Quando persiste mais que 7 a 10 dias, provavelmente estamos no período pós viral, onde medicamentos tópicos e irrigação salina nasal serão efetivos na grande maioria dos casos para ficar bom! Mesmo que já tenhamos bactérias atrapalhando aqui, melhora do mesmo jeito, raramente precisando de antibióticos!
Quando temos que usar antibióticos?
Quando o quadro de secreção e congestão nasais piora a partir de 5-7 dias, e evolui com dor de um dos lados da face, febre, alterações em exames…etc, aí sim temos sinais de SINUSITE BACTERIANA com potencial indicação de usarmos ANTIBIÓTICOS. Ou seja, em uma pequena parcela dos casos.
Vejam as figuras que ilustram o artigo. Verão melhor o que explico. Foram extraídas do EPOS2020 (o consenso Europeu sobre Rinossinusites – documento mundialmente reconhecido sobre o assunto).
