Surdez – Causas, diagnósticos e tratamentos | Texto de dr. Édio Cavallaro.

O quê é surdez?

Surdez é definida como ausência, perda ou diminuição considerável do sentido da audição.

Esta perda da audição pode ser de três  tipos: Neurossensorial, Condutiva e Mista.

A Perda Auditiva Neurossensorial (ou sensorioneural) ocorre quando o problema afeta a orelha interna (a cóclea) e/ou afeta o nervo auditivo (que conduz o estímulo auditivo recebido na cóclea até o sistema nervoso central).

Algumas causas deste tipo de perda auditiva são:

Presbiacusia

Presbiacusia é a diminuição na capacidade de audição em idosos

Presbiacusia (perda da audição com a idade), doenças virais (como Caxumba), ototoxicidade (perda de audição induzida por medicamentos e drogas como Gentamicina, Amicacina, Estreptomicina, Furosemida, etc), exposição a ruído (seja ele profissional ou recreacional, por período prolongado ou de forma intensa por curto período), doenças genéticas, tumores e outras.

A Perda Auditiva Condutiva ocorre quando a doença que a causa afeta a condução do som através da orelha externa
ou da orelha média, impedindo ou dificultando que o som seja transmitido corretamente para dentro da cóclea.

As principais causas deste tipo de problema são:

Cerume impactado (quando cera obstrui o canal da orelha), otites externas (infecção/inflamação do canal da orelha), otites médias (presença de líquido ou infecção/inflamação na orelha média, região “atrás do tímpano”), Colesteatoma, Otosclerose, Perfuração da membrana do tímpano, tumores etc.

Já a Perda Auditiva Mista se dá quando o paciente apresenta problema  tanto na condução do som até a cóclea quanto na própria cóclea ou nervo auditivo.

Como exemplos, temos alguns casos de Otosclerose, Colesteatoma ou Otite média crônica de longa data, e a associação de doenças (como em um paciente com presbiacusia que apresente otite média secretora, por exemplo).

O que fazer ao identificar a surdez?

O otorrinolaringologista é o profissional mais indicado para investigar e tratar as causas de surdez. Então procure um profissional de sua confiança!

Uma consulta médica bem atenta, com exame físico bem acurado são parte fundamental de qualquer investigação de surdez. Saber a história do paciente, como começou o problema, o que piora ou melhora, os fatores associados, dentre outros, ajudam muito a esclarecer a causa. Da mesma forma, uma otoscopia (exame das orelhas com um aparelho próprio, o otoscópio) é sempre muito elucidativa.

O exame completo de “ouvido, nariz , garganta e pescoço” fazem parte desta consulta, por vezes, complementado por exames clínicos otoneurológicos e testes com diapasões.

Quanto a exames complementares, uma Audiometria e Imitanciometria normalmente são o “pontapé” inicial desta parte da investigação. Alguns tipos de situações podem ser diagnosticados aqui, e outros podem merecer outros exames como BERA (Potencial Evocado Auditivo de Tronco Encefálico ou PEATE), Otoemissões Acústicas (OEAs ou “teste da orelhinha”), Tomografia computadorizada, Ressonância Nuclear Magnética, exames laboratoriais etc.

Surdez tem tratamento?

Atualmente dispomos de muitos tipos de tratamentos para os casos de perda auditiva. Estes tratamentos podem ser desde a simples remoção de cerume até a realização de um implante coclear!

Como forma de explicar didaticamente, vamos citar alguns tratamentos de acordo com os tipos de perda auditiva:

Perda Auditiva Neurossentorial

Quando conseguimos atender precocemente um caso de Perda Auditiva Súbita ou um caso de Trauma Sonoro Agudo, podemos lançar mão de alguns tratamentos clínicos com medicações, principalmente os corticóides, com respostas variadas. Injeção intratimpânica de corticóides (corticoterapia intratimpânica) e até mesmo cirurgia (uma timpanotomia exploradora) podem ser uma opção que deve ser aventada em alguns casos.

Surdez e Aparelhos de Amplificação Sonora Individual
Surdez – Aparelhos de Amplificação Sonora Individual

No tratamento e reabilitação dos casos de perda auditiva neurossensorial leves até severos, já estabelecidos, a indicação de Aparelhoas Auditivos (Aparelhos de Amplificação Sonora Individual – AASI) tem grande importância. Com exceção de alguns casos, estes aparelhos são a primeira linha de tratamento, reabilitando e permitindo melhor qualidade de vida e maior interação social dos pacientes afetados. Nos casos de crianças, a reabilitação auditiva precoce é fundamental e urgente a fim de otimizar, dentre outras coisas, o correto desenvolvimento da linguagem oral e aprendizado escolar. Existem alguns aparelhos implantáveis como o Vibrant Soundbridge (aparelho parcialmente implantável) e o Cochlear Carina System (aparelho totalmente implantável) que são uma solução auditiva interessante para indivíduos que não possam utilizar aparelhos auditivos convencionais por razões médicas ou por não sentirem benefício suficiente com os mesmos.

Surdez - Vibrant Soundbridge aparelho parcialmente implantável
Surdez – Vibrant Soundbridge aparelho parcialmente implantável

 

Surdez - Vibrant Soundbridge aparelho parcialmente implantável
Surdez – Vibrant Soundbridge aparelho parcialmente implantável

Os casos de perda auditiva neurossensorial severa a profunda que não apresentem resposta com os aparelhos auditivos, devem ser avaliados para a indicação ou não de um implante coclear. Nos casos em que tal perda ocorra apenas de um lado (ou seja, uma Perda Auditiva Neurossensorial Unilateral ou “single sided deafness”), nem sempre algum tratamento é requerido, porém, quando tal situação gere desconforto importante ou interfira nas atividades do paciente, podemos lançar mão, além do implante coclear, de aparelhos auditivos osteoancorados (implantados cirurgicamente junto ao osso do crânio), como é o caso do Bonebridge, Ponto ou do BAHA.

Implante coclear
Implante coclear

Surdez: Perda Auditiva Condutiva e Mista:

Nestes casos também temos os Aparelhos Auditivos (AASI) como opções em alguns casos, porém, o tratamento microcirúrgico tem um importante papel.

Por exemplo, casos de Otosclerose (fixação da platina do estribo) podem ter excelentes resultados com a Estapedotomia, cirurgia onde substituímos uma parte do estribo por uma microprótese.

Para a Otite Média Crônica e/ou Colesteatoma, a Timpanomastoidectomia representa uma interessante cirurgia, visando principalmente a remoção da doença mas também a melhora auditiva.

Perfurações simples na membrana timpânica podem ser fechadas por meio de Timpanoplastia, com bons resultados funcionais.

Nos casos de Otite Média com Efusão (“líquido acumulado atrás do tímpano”), uma miringotomia (“pequeno furo no tímpano”) seguida pela colocação de tubo de ventilação pode ser a solução, quando tal situação não melhora após um período de tratamento com medicações.

Já para os casos onde temos má formações da orelha externa cursando com a perda auditiva condutiva, como nas agenesias de meato acústico externo (indivíduos que não possuem o “canal da orelha”), as próteses osteoancoradas ou osteointegradas  (Bonebridge, BAHA e Ponto), tem indicação precisa e foram revolucionárias na qualidade de tratamento prestado a estes pacientes. Reconstruções cirúrgicas da orelha também podem ser realizadas, porém, com indicações restritas caso-a-caso.

 

Perfil do otorrino em Copacabana dr. Édio Cavallaro médico otorrinolaringologista rio de janeiro RJ

Dr. Édio Cavallaro

Graduado em Medicina pela Universidade Federal de Juiz de Fora – UFJF-MG

Especialista em Otorrinolaringologia (Residência Médica)  pela Universidade Federal do Rio de Janeiro  – HUCFF – UFRJ

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